Orixá de Frente –
Orixá Adjunto – Orixá Ancestral – A natureza humana.
Qual é o meu Orixá?
De quem eu sou filho? Quem é o meu Pai de cabeça? Quem é o
meu padrinho? Qual é o casal de Orixás que me acompanham?
Antes, porém, de saber qual é o meu Orixá é importante
entender o que isso quer dizer, qual é a minha relação com os Orixás.
Entendendo que temos também um problema de linguagem, o que um Terreiro entende
por meus Orixás, outro Terreiro entende de uma forma diferente.
É muito comum as pessoas procurarem alguém que jogue búzios
e ali fazer uma leitura de Orixá. Agora, é mais comum ainda você ir a um lugar
e alguém lhe falar:
“Você é filho de Xangô”; aí você vai num outro lugar e lhe
dizem: “Você é filho de Ogum”; vai num terceiro lugar e lhe dizem: “Você é
filho de Oxóssi”; sem contar que as características de Xangô, Ogum e Oxóssi são
diferentes.
E você fica sem saber, fica vendido, sem entender qual é,
afinal, o meu Orixá?
A contra pergunta é: do que é que lhe adianta saber qual é
o seu Orixá, se você não sabe o que isso significa na sua vida? Do que é que
lhe adianta saber que é filho de Ogum, se você não conhece Ogum.
No Candomblé é um recurso comum jogar os búzios,
identificar o seu Orixá, a validade do jogo de búzios num Terreiro de Candomblé
é proporcional ao quanto você deposita de confiança naquele sacerdote, essa é a
questão.
O jogo de búzios não é um fundamento da religião de
Umbanda.
O que quer dizer que não é um fundamento?
Isso quer dizer que a Umbanda não prescinde do jogo de
búzios para existir.
No ritual de Umbanda, as consultas espirituais são feitas
com as entidades incorporadas, diferente do Candomblé onde o sacerdote faz a
consulta por meio de um oráculo. É por isso que na Umbanda não é tão comum usar
o jogo de búzios, embora não seja proibido.
Quem faz a identificação do seu Orixá, do seu Pai de
cabeça?
Geralmente, é o dirigente do Terreiro que identifica
quais os Orixás de cada um dos filhos, mas ainda assim, é comum esse médium passar
um tempo num Terreiro e ali fazer uma leitura de Orixá, depois vai para outro
Terreiro e lhe dizem: “Não, aqui o seu Orixá é outro”. Ainda, pra complicar
mais a questão, pra ficar mais complexo ainda, há de se pensar que há Terreiros
de Umbanda que trabalham com apenas sete Orixás.
Por exemplo, há Terreiro de Umbanda que trabalha apenas
com: Oxalá, Oxum, Oxóssi, Xangô, Ogum, Obaluaiyê, Iemanjá. E se esta pessoa for
um filho de Oxumaré? Uma filha de Obá? E se é uma filha de Iansã? E aquele
Terreiro não cultua Iansã. Então, nunca será feita uma leitura de que você é
filha de Iansã.
Tudo isso torna a questão um tanto complexa. Nesses casos,
por exemplo, se alguém é filho de Oxumaré e está num Terreiro que não cultua
Oxumaré, ele vai aparecer como filho de Oxum; se é uma filha de Egunitá e não
cultua Egunitá, vai aparecer como filha de Iansã; se é uma filha de Nanã
Buroquê e naquele Terreiro não cultua Nanã Buroquê, vai aparecer como filha de
Obaluaiyê, porque são Orixás que fazem pares.
É comum que se diga então que a leitura está errada, no
entanto, se esquece de perceber que nada acontece por acaso, não existe leitura
errada, existe leitura que faz parte daquele contexto, naquele contexto esta
leitura é a mais adequada. Assim como há momentos na vida em que embora você
seja filho de Xangô, por exemplo, outro Orixá toma a sua frente pra lhe ajudar
em alguma situação.
Isso tudo vai tornando a leitura de Orixá uma coisa cada
vez mais complexa, mais complicada. Qual é o ideal? O ideal é: você conhecer os
Orixás, identificar os Orixás e você se identificar com eles, reconhecer em
você as qualidades dos Orixás.
A questão da filiação é algo parecido com a questão dos
signos do zodíaco. Parecido, não é a mesma coisa.
Para identificar o seu signo é preciso apenas da sua data
de nascimento e aí eu sei onde estava passando o sol no momento em que você
nasceu, mas, para traçar um perfil astrológico mais completo é preciso
construir uma “Carta Natal”, é preciso fazer um “Mapa Astral” e aí precisa do
lugar onde você nasceu, da hora em que você nasceu e precisa de um Astrólogo ou
de um programa de Astrologia para identificar onde estava cada planeta na hora
em que você nasceu.
Ser filho de Orixá também é algo que numa primeira
instância, parece tão simples quanto ser Geminiano, Canceriano, Taurino, mas
olhando mais de perto é tão complexo quanto uma carta natal que vai lhe dar um
série de características.
Há semelhanças, mas não é a mesma coisa porque com a sua
data de nascimento não é possível identificar qual é o seu Orixá. Senão, todos
aqueles que nascem naquela data seriam filhos do mesmo Orixá. Há semelhanças
porque os Arianos têm muitas qualidades de Ogum, mas não quer dizer que todos
Arianos são filhos de Ogum. Os Cancerianos têm muitas qualidades de Oxum, mas não
quer dizer que todos são filhos de Oxum. Então, os Geminianos têm muitas
qualidades de Oxóssi, mas não quer dizer que todos são filhos de Oxóssi.
Quem é que dá qualidades de Ogum ao Ariano? É o planeta
Marte, que é o planeta da guerra, um planeta que tem qualidades de Ogum e de
Iansã. Mas, você pode ser um Ariano que nasceu com a energia do planeta Marte
bloqueada por causa da influência de algum outro planeta, então, você pode ser
um Ariano que tem mais qualidades de Mercúrio e aí na leitura de Orixá você
pode ter um perfil com muito mais de Oxóssi do que de Ogum. Por isso, não basta
a sua data de nascimento pra saber quem é o seu Orixá.
Talvez, com uma carta astral completa e um bom Astrólogo
que seja também um bom intérprete de Orixás, você tenha uma ideia, mas nunca
vai ter certeza.
O caminho mais seguro pra você saber qual é o seu
Orixá é o caminho do autoconhecimento e do conhecer os Orixás.
Há de se conhecer os Orixás, o maior número de Orixás.
Conhecendo os Orixás, identificando qual é ou quais são as
qualidades desses Orixás e como elas se refletem nos seus filhos, ou seja,
quais são as qualidades de Oxalá? São qualidades de tranquilidade, de
passividade, de religiosidade, os filhos de Oxalá têm um perfil mais magnético,
envolvente, congregador.
Conhecendo essas qualidades você vai se identificar com
elas. Qual é o perfil das filhas ou filhos de Logunan? O perfil é também
religiosidade, são pessoas mais reservadas, que tem uma fé muito forte e que
não aceitam nada de errado com relação à fé e que tem uma relação especial nas
questões pertinentes a lidar com o tempo.
Como são as filhas ou os filhos de Oxum? São pessoas
amorosas, vaidosas, sentimentais – Ah mais todo mundo é amoroso, todo mundo é
vaidoso – a questão é: as filhas e os filhos de Oxum têm isso num grau de
importância maior do que, por exemplo, os filhos de Ogum, as filhas de Iansã.
As filhas de Iansã são mais guerreiras, são mulheres que
vão à guerra. Os filhos de Ogum também são altamente guerreiros, são
ordenadores, gostam de mandar, de dar ordem, filho de Ogum é aquele que vai à
frente. Então, isso dá um perfil emocional, psicológico, dá inclusive, um
perfil de arquétipo físico.
Se o filho de Ogum é alguém que gosta de ir à frente, que
toma a frente gosta de mandar, geralmente o seu biotipo físico é de alguém
forte, de alguém grande porque o perfil emocional de uma pessoa mexe com seus
hormônios, os hormônios mexem com o corpo, isso está diretamente ligado ao
campo de interesse daquela pessoa. O filho de Ogum geralmente tem interesse em
atividade física, em manter o corpo sempre esbelto, forte, se não é dessa
maneira pelo menos ele se sente assim.
Mas, temos filhos de Ogum com Oxum, filhos de Ogum com
Iemanjá, filhos de Ogum com Obá, filhos de Ogum com Nanã.
Dessa maneira, nem todos os filhos de Ogum são iguais
porque se eu tiver um filho de Ogum com Nanã, ao mesmo tempo em que ele tem
esse ímpeto pra guerra, ele tem Nanã pra lhe acalmar.
Agora, se é um filho de Ogum com Iansã, o tempo todo ele
está procurando onde fazer guerra – “fazer guerra” nesse sentido é defender
algo, defender uma ideia, defender um ideal, fazer valer os seus valores.
Já um filho de Xangô, assim como um filho de Ogum é
alguém que se movimenta de forma muito emotiva e emocional, é alguém que quando
você o convida para uma briga, ele não pergunta por que você vai brigar, ele só
quer saber se você é amigo dele ou não.
Um filho de Xangô é extremamente racional, Xangô é o Orixá
da razão, então, o perfil do filho de Xangô é o perfil de racionalizar as
coisas, de fazer justiça, de colocar na balança, então, não importa para o
filho de Xangô sair correndo, ir à frente, ir brigar, fazer guerra, o que
importa pra ele é saber se é justo, se é correto.
O filho de Xangô tem uma tendência a ficar mais sossegado,
avaliando as coisas, pesando, medindo. Quando ele vê uma injustiça, ele
vai para cima, mas ele é alguém muito mais sossegado, mais bonachão, mais
tranquilo.
Isso é conhecer os Orixás.
Assim como a filha de Iemanjá é aquela que onde está
estabelece famílias, gosta de formar vínculos emocionais com as pessoas, a
filha de Iemanjá é muito zelosa, cuidadosa e às vezes até um pouco, no
negativo, manipuladora.
Como saber qual é o meu Orixá?
É importante estabelecer uma relação entre as
qualidades do Orixá e as minhas qualidades, isso se chama “autoconhecimento”.
Estudar os Orixás, saber qual é o meu Orixá dentro da
Umbanda deve ser um mérito.
É um campo de estudos e conhecimento.
Não é simplesmente jogar o búzio e perguntar para um
Caboclo:
“Qual é o meu Orixá?”
E depois ficar em dúvida “Será?”, “Será que é esse mesmo o
meu Orixá?”.
Quem é o seu Orixá?
É aquele que lhe dá as suas características, suas
qualidades principais, essas que você mostra para o mundo, que aparece para
todo mundo.
E quem é esse Orixá?
Esse é o seu Orixá de Frente, é aquele que é chamado: “Pai
de cabeça”.
No entanto, somos filhos de todos os Orixás.
Há, porém, um Orixá que está de frente para mim,
chakra frontal, e outro que vibra no chakra posterior, que é o Orixá de
Juntó.
O de Juntó é o que vibra por trás e temos um Orixá
Ancestral, na verdade, nós temos dois Orixás Ancestrais, um Orixá Ancestral
dominante e um Orixá Ancestral recessivo. Isso gera uma quadratura: Pai e Mãe
Ancestral, Pai e Mãe de cabeça.
Quando se fala em Orixá Ancestral, geralmente estamos
falando do “Orixá dominante”, que é aquele que vibra no centro do chakra da
coroa - é esse Orixá que nos deu a nossa natureza - e o “recessivo” vibra no
chakra básico.
Orixá Ancestral, dominante e recessivo, eles formam um
casal de Orixás.
Este casal é o seu Pai e a sua Mãe Ancestral que nunca vai
mudar.
É o casal de Orixás que lhe acolheu no seu primeiro momento
de existência, muito antes de se tornar um ser humano, entrar no ciclo
reencarnacionista.
Lá, na origem, quando você era só uma centelha, o Pai e a
Mãe lhe fecundaram e você foi se desenvolvendo como uma célula mater, como um
zigoto e foi crescendo.
Começaram a se formar os seus chakras, os vórtices de
energia no seu corpo e esse Pai e essa Mãe mantiveram um vínculo até o seu
retorno ao criador.
E esse vínculo se dá por uma ligação que vem do alto, pelo
chakra da coroa e por embaixo, pelo chakra de base e que é justamente essa
ligação que estabelece o eixo de energia e equilíbrio que a gente
tem que permeia todos os chakras e esse eixo existe desde o início dos tempos
pra cada um de nós e é o eixo de energia original, primordial de cada um de
nós, então, esse é o eixo da nossa natureza.
Nossos Orixás Ancestrais são aqueles que dão a nossa
natureza, uma natureza mais íntima. É o Orixá Ancestral que diz quem você é na
sua essência primeira e mais íntima.
Quanto ao Orixá de Frente e o Orixá de Juntó são aqueles
Orixás que regem esta encarnação. Então, em cada encarnação, nós temos um casal
de Orixás diferentes, regendo aquela encarnação no aspecto de Frente e de Juntó
ou Adjunto.
O Orixá de Frente nos conduz de forma racional, o Orixá de
Juntó nos conduz de forma emocional. Se você observar os chakras, nós teremos,
então, o Orixá Ancestral dominante vibrando aqui em cima na coroa, Orixá
Ancestral. Nós teremos o Orixá de Frente vibrando na parte da frente do chakra
frontal e o Orixá Juntó ou Adjunto vibrando na parte posterior do chakra
frontal. Isso forma um triângulo de forças, esse triângulo de forças é formado:
com Orixá Ancestral no vértice de cima, Orixá de Frente no vértice da Direita e
Orixá de Juntó no vértice da esquerda, a gente chama isso de: “triângulo de
forças do médium”.
Orixá Ancestral dominante e recessivo formam um casal
porque é necessário um casal para lhe fatorar, é necessário um casal para lhe
conceber. Qual casal? Qualquer Pai com qualquer Mãe pode ser o casal Ancestral.
Então, pode ser Oxalá com Oxum, pode ser Oxumaré com Obá, pode ser Obaluaiyê
com Iemanjá, pode ser Xangô com Nanã, qualquer casal pode ser o seu Ancestre.
Não precisa ser o par vibratório ideal como: Oxalá/ Logunan, Oxum/ Oxumaré, Oxóssi/
Obá, Xangô/ Egunitá, não precisa ser um par original, qualquer casal pode ser o
casal de Orixás Ancestral seu.
O Orixá de frente e de Juntó também formam um casal,
qualquer Orixá pode estar de frente e qualquer Orixá pode estar de Juntó, a
única questão é: deve formar um casal. Homem pode ter Orixá de Frente feminino
também, então, de Juntó vai ser masculino.
Mulher pode ter Orixá de Frente masculino, logo de Juntó
vai ser feminino.
Orixá de Ancestre é muito difícil de fazer leitura porque é
uma qualidade íntima, quase imperceptível.
A leitura de Orixás costuma ser:
O de Frente e o de Juntó, mas às vezes surge uma leitura de
dois Orixás masculinos. Então, pode ser que numa leitura que dá “Ogum e Xangô”,
não pode ser de Frente e de Juntó. O que é que pode ser uma leitura dessas?
“Você é filho de Ogum e Xangô”, pode ser que você tenha
Ogum de Frente e que seu Ogum pessoal está na vibração de Xangô. Isso acontece
demais, identificar que esse filho de Ogum é um filho de Ogum vibrando no campo
de Xangô, então, dá uma leitura “Ogum e Xangô”.
Ou uma leitura “Iemanjá e Oxum”, uma filha de Iemanjá que
está vibrando no campo de Oxum; “Oxum e Iansã”, uma filha de Oxum que vibra no
campo de Iansã. Esses, porém, são casos raros.
Muito raramente se faz uma leitura com o Orixá Ancestral.
Geralmente, o mais comum quando a leitura dá dois Orixás do
mesmo “sexo”, é que esse Orixá de Frente está trabalhando na sua vida
atualmente.
Nós temos um problema na Umbanda de linguagem, cada um fala
uma língua, cada um quando diz: “Qual é o seu Orixá?”, faz uma leitura
diferente e às vezes ainda diz: “Não, meu filho. No Candomblé o seu Orixá é
tal, na Umbanda o sei Orixá é outro”. Então, quem é filho de Ogum é filho de
Ogum na Umbanda e é filho de Ogum no Candomblé. Quem é filho de Oxalá é filho
de Oxalá em qualquer lugar.
Diz-se também: “Todos somos filhos de Oxalá”, pois é, mas
há aqueles que nascem com Oxalá de Frente, porque, na verdade, todos somos
filhos de todos os Orixás. E se eu tenho um casal que forma Orixá de Frente e
Orixá de Juntó porque o Orixá de Frente está vibrando no chakra frontal e de
Juntó está vibrando atrás do chakra frontal, também, temos outro Orixá vibrando
na frente do chakra cardíaco e outro atrás do chakra cardíaco, temos um Orixá
vibrando na frente do chakra esplênico e outro atrás do chakra esplênico, na
frente do umbilical e atrás do umbilical e no básico a gente tem o Ancestre
recessivo, como já falamos.
Esta é uma leitura que não se faz, é quase impossível fazer
uma leitura dessas, já é difícil chegar numa leitura de um Orixá pra algumas
pessoas, de dois Orixás, de três ou uma leitura de quadratura.
Geralmente, uma leitura de quadratura, pode ser o Ancestre
dominante e recessivo junto com o de Frente e o de Junto, mas, uma quadratura
também pode ser: o Orixá de Frente e o seu campo de atuação, como a gente
comentou: “Ogum e Xangô”. Orixá de Juntó com seu campo de atuação: “Oxum com
Iemanjá”, aí eu tenho quatro.
Na verdade são dois: de Frente e de Juntó e mais o campo de
atuação que o de Frente está e mais o campo de atuação que o Juntó está, dá uma
quadratura chama-se de “quadratura” por serem quatro Orixás.
Quando alguém faz a leitura de quatro Orixás pra você, esta
pessoa sabe dizer o que isso quer dizer? Sabe lhe informar o que isso quer
dizer? Então, você é que tem que fazer essa leitura, você é que tem que
identificar.
Podemos ter um Orixá de Frente atuando no campo de outro
Orixá. O que isso quer dizer?
Quer dizer que, por exemplo, se você é filho de Ogum
- Ogum é o Orixá ordenador, o Orixá da lei, é aquele que põe disciplina, que põe
ordem, que toma à frente - se ele está no campo de Xangô isso quer dizer que o
seu Ogum pessoal, o Ogum que você incorpora é um Ogum trabalhando no campo da
justiça, quer dizer que ele é um ordenador da justiça.
E ele podia ser um Ogum no campo de Oxum: seria ordenador
do amor; podia ser um Ogum no campo de Iemanjá: ordenador da vida; podia ser um
Ogum no campo de Oxalá: ordenador da fé.
Se for um Ogum no campo de Oxalá, isso quer dizer que: o
seu Pai de cabeça Maior é Ogum e o seu Ogum pessoal é um Orixá que é
especialista em colocar a ordem e trazer a lei no campo da fé. Logo, você vai
herdar essas qualidades – “herdar” aqui tem o significado de que você está o
tempo todo sendo influenciado – por isso se diz: “Seu Orixá de Frente”. Qual é
o objetivo de ter um Orixá de Frente?
É que durante toda aquela encarnação, este Orixá vai
lhe orientar pra você aprender aquilo que, pra ele é natural. Por
exemplo, em cada encarnação você é filho de um ou outro Orixá diferente.
Se eu nasci, encarnei tendo por missão aprender as
coisas do amor, então, eu vou nascer com Oxum de Frente. E ela vai me orientar
de forma racional, isso quer dizer que o tempo todo ela está vibrando: é o meu
Orixá de Frente, ela vai vibrar as qualidades dela em mim.
É como se fosse o contrário de um médium obsediado, um
médium obsediado vibra as qualidades do obsessor, aqui é como se fosse uma
obsessão divina, o tempo todo você está vibrando as qualidades do Orixá, que ao
contrário de um obsessor que tira a sua energia, o Orixá está lhe dando a
energia dele o tempo todo.
Você tem dificuldade em lidar com questões racionais?
Você nasce com Xangô de Frente.
Tem dificuldade de tomar a frente nas situações?
Você nasce com Ogum de Frente.
Agora, você tem a missão de tomar a frente, de aprender a
tomar a frente, de ter essa energia, o impulso de Ogum e o teu campo de atuação
nessa vida deve ser o campo da fé, então, você nasce com Ogum de Frente
trabalhando no campo de Oxalá.
E o Juntó?
O Juntó nos orienta de forma emocional.
Toda vez que você se desequilibra do seu racional, o Juntó
lhe ampara. Então, você tem Xangô de Frente e Oxum de Juntó, Xangô está lhe
vibrando o tempo todo uma qualidade que você não tem, você nasceu pra aprender
as qualidades de Xangô, por isso que você nasce com Xangô de Frente.
Você nasceu para aprender as qualidades de Ogum, por
isso você nasce com Ogum de Frente, parece que você já tem aquelas qualidades,
porque Ogum está de Frente o tempo todo lhe dando essas qualidades. Se você tem
Oxum de Frente, você está o tempo todo recebendo as qualidades de Oxum. Quando
você se desequilibra na qualidade do seu Orixá de Frente, você se refugia, você
se resguarda ou você passa a ser amparado pelas qualidades do seu Orixá de
Juntó.
Vamos supor que o seu Ancestre é Oxalá, então, sua natureza
ancestral sendo Oxalá, você é naturalmente uma pessoa mais tranquila, mais
sossegada, os filhos de Oxalá são contemplativos, são introspectivos, são
reservados e você pode ter nascido com Ogum de Frente.
Toda essa natureza de Oxalá é algo interno, é algo pessoal,
como você nasceu com Ogum de Frente, você nasceu para se tornar mais impetuoso,
você nasceu pra se tornar mais ativo, nasceu pra tomar mais a frente nessas
questões. Isso não é tão natural porque o seu natural é Oxalá que é o seu
Ancestre.
Agora, você está com Ogum de Frente, então, Ogum o está
impelindo o tempo todo a agir, se impondo pela lei, pela emoção, algo que às
vezes vai ser feito até pela força, qualidade de Ogum, de Frente. Como a sua
natureza é outra, há momentos que você se desestabiliza e aí é o Juntó que vai
lhe dar o equilíbrio.
Por exemplo, se o teu Juntó é Oxum, no momento em que você
se desequilibra nessa força de Ogum, então, é o amor de Oxum que vai lhe dar
equilíbrio. Se for Iemanjá são as qualidades maternais de geração com relação à
vida que vão lhe equilibrar.
Se for Iansã o teu equilíbrio vai ser justamente a energia
de Iansã. Então, o filho de Ogum com Iansã, na hora que ele se desequilibra aí
ele vai mais pra cima ainda porque Iansã é o seu Juntó.
Agora, o filho de Ogum com Oxum quando se
desequilibra vai se recolher nos seus sentimentos voltados ao amor ou num
sentimentalismo assim. É comum, por exemplo, alguém que tem Iansã de Frente,
mulheres que tem Iansã de Frente são guerreiras, não param quietas e são muito
movimentadoras, agitadas e geralmente as pessoas as vêem como grandes
batalhadoras, grandes guerreiras.
Mas, essa filha de Iansã, no seu íntimo se sente uma pessoa
frágil, porque a sua natureza anterior e ancestral pode ser Oxum, pode ser
Logunan, pode ser Iemanjá que não é tão guerreira. Então, intimamente, ela
sente o Orixá de Ancestre, mas o que ela mostra para o mundo é o Orixá de
Frente e assim é com todos nós.
Nós encarnamos tendo por Orixá de Frente aquilo que é a
missão de aprender nessa encarnação, temos por Orixá de Juntó aquele que nos dá
o equilíbrio.
Por exemplo: Alguém que há muitos anos é
vegetariano.
Não come carne há muito tempo, não está acostumado mais com
as proteínas da carne e principalmente em fazer digestão de carne. Vamos supor
que por alguma razão ela procurou um médico e esse médico tem a crença de que
essa pessoa precisa comer carne.
Ela vai começar a receber algo que ela não tem que ela não
está acostumada, vai começar a comer carne. Isso vai dar uma indisposição, vai
dar indigestão e ela precisa de alguma coisa pra equilibrar no momento em que
ela está recebendo algo que não recebe há muito tempo, que não tem há muito
tempo, então, vai tomar um digestivo.
É uma comparação, é como se a carne fosse o “Orixá de
Frente”, você está recebendo aquela energia que você não tem, que não está
acostumado e o “de Juntó” entra como um digestivo, pra você conseguir digerir,
pra você conseguir absorver, compreender como lidar.
O de Juntó vai ajudar você a lidar com questões que
você não está mais acostumado, que não entende, mas que você está recebendo,
você está sendo impelido.
É como numa obsessão ao contrário, o Orixá de Frente
está lhe oferecendo essas virtudes o tempo inteiro, ao contrário de um obsessor
que oferece os vícios dele o tempo todo, se alimenta do seu vício, da sua
energia, mas quando você está obsediado, está vibrando a qualidade do obsessor
sem perceber você começa a se comportar como o obsessor.
Agora, nós o tempo todo não nos damos conta, mas temos o
tempo todo comportamento do nosso Orixá de Frente porque a gente nasceu,
encarnou pra aprender as qualidades do Orixá de Frente. Isso é o que quer dizer
Orixá de Frente, o Orixá de Juntó está sempre nos equilibrando, o Ancestre está
na coroa.
“Somos filhos de todos os Orixás” porque em cada
chackra, nesses cinco tem um casal de Orixás, nos dois chakras de ponta temos
mais um casal de Orixás que são os nossos Pai e Mãe Ancestre.
“Orixá de Frente” é o que você mostra para o mundo,
“Orixá de Ancestre” é a sua natureza íntima, “Orixá de Juntó” como você reage
de forma emocional - mas, assim como numa carta astral, nós não temos só esses
três.
Cada um deles está numa qualidade, dá pra construir uma
quadratura, nós temos um Orixá em cada chakra. E muito mais do que isso, em
cada chackra tem um Orixá que vibra no centro, como aqui está o de Frente e
temos mais seis vibrações em torno.
Cada chakra recebe as sete vibrações de Deus, mas uma
vibração em específico está no centro que diz qual é o Orixá que vibra no
centro, mas tem outras seis em volta e cada uma dessas seis é uma das seis
vibrações de Deus de forma universal ou cósmica. Então, nós temos sete Orixás
vibrando em cada chakra gerando uma configuração única, é como um código de
DNA.
Se você pensar que tem sete Orixás aqui (coroa), sete
Orixás aqui (frontal frente), sete Orixás aqui (frontal atrás), cada chakra tem
uma configuração de sete Orixás. Então, pode ser Oxalá ou Logunan, Oxum/
Oxumaré, Oxóssi/ Obá, no qual um está no centro e os outros seis estão em
torno, isso é uma leitura que nunca é feita, é só pra você ter uma ideia. Que
dizer: “Esse é teu Orixá”, não é uma coisa que você está amarrado, você não
está fechado na concepção de ter um Orixá.
“Você é filho de Xangô”, você continua sendo filho de
todos os outros Orixás. No entanto, Xangô está de frente, isso quer dizer que
você não deixou de ter os outros Orixás, somos filhos de todos Orixás e há
momentos, circunstâncias e situações na vida em que inclusive outros Orixás
tomam a nossa frente pra nos ajudar a resolver certas situações.
Não basta saber qual é o seu Orixá, é importante você
sentir-se filho e filha de todos os Orixás.
Não basta estudar: Oxalá e Logunan na Fé, Oxum e Oxumaré no
Amor, Oxóssi e Obá no Conhecimento, Xangô e Egunitá na Justiça.
Não basta saber: ponto de força de Oxum e Oxumaré na
cachoeira; ponto de força Oxóssi Obá na mata; ponto de força de Xangô nas
montanhas e pedreiras; Iansã na pedreira; Ogum nos caminhos; Egunitá nos
caminhos e nas pedreiras; Obaluaiyê no campo santo; Nana nos lagos;
Omulú, no campo santo também; de Iemanjá no mar.
A cor de Iemanjá azul-claro; de Obaluaiyê Violeta; de Nanã
é Lilás; de Omulú é roxa; de Xangô é marrom, pode ser vermelho; de Ogum é
vermelho, pode ser azul; Oxum é cor-de-rosa; Oxumaré é azul turquesa; Oxalá é
branco; Logunan é azul petróleo ou branca e preta. Então, são questões técnicas
não adianta saber qual a cor, qual ponto de força, qual o fator, qual o
elemento, qual o verbo, isso é uma relação fria.
É preciso estabelecer uma relação de proximidade com o
Orixá, criar uma intimidade com o Orixá, intimidade não é você ser
amiguinho do Orixá, é uma relação íntima, de sentir a presença do Orixá.
Você acende vela pra Oxalá, pra Ogum, pra Oxum, pra Nanã,
pra Obaluaiyê, ótimo, mas, você sente a presença de Oxalá na sua vida? Você
sente a presença de Ogum, de Oxum, de Nanã? Mais do que acender uma vela é você
elevar os pensamentos a Deus, mentalizar Oxalá e sentir a energia de Oxalá lhe
tomando no momento em que você eleva os pensamentos, que você pensa em
Oxalá, isso é proximidade, sentir que Oxalá está em você.
Elevar os pensamentos a Xangô, sentir a força de Xangô, a
energia de Xangô vibrando nos seus músculos, no seu corpo, na sua corrente
sanguínea, no seu peito, na cabeça, sentir. Trazer a força de Obaluaiyê, onde
vibra Obaluaiyê no seu ser? Quem é Obaluaiyê? O que ele representa pra você?
Então, é importante também conhecer os Orixás. Conhecer os Orixás lhe ajuda a
identificar que energia é essa que eu estou sentindo.
O que é que eu estou vibrando?
Carga, todo mundo sente, demanda todo mundo sente,
todos sentem que estão com uma praga, com mal olhado, com quebranto, com
inveja, todo mundo sente que tem uma demanda mental, tem alguém que não gosta
muito de você, não para de pensar em você. Agora, sentir a presença dos Orixás
na sua vida é que precisa um pouquinho mais de refinamento, de você afinar,
perceber, precisa de estudo, precisa você sentir a presença do Orixá.
Segurar uma vela na mão, oferecer para o Orixá e
trazer essa energia aqui no alto da sua coroa, sentir essa energia, essa
vibração. Rezar pra aquele Orixá, firmar essa vela e sentir que essa energia
está firmada, está colocada, está vibrando ali, chama-se “firmar força”.
Não adianta querer colocar uma vela para um Orixá, firmar
uma vela pra algo que você não está sentindo. O que adianta dizer que é filho
de Xangô se você não sente a energia de Xangô, se você não sente a presença de
Xangô? Então, é importante sentir, criar uma relação de intimidade, de
proximidade com o Orixá.
No momento em que se fala de “Orixá Ancestral” a gente fala
de um casal de Orixás de Pai e Mãe, então, a questão da natureza do ser fala
sobre a questão íntima, é de cada um no que diz respeito a ser: masculino ou
feminino ou homem e mulher.
Dentro dessa questão, existe um texto chamado: “A natureza
do ser”, de André Luiz.
Nesse texto, do Chico Xavier, está escrito:
“Quem tem natureza masculina, quase sempre nasce num corpo
masculino; quem natureza feminina, quase sempre nasce num corpo feminino”.
Quem nasce homem, quase sempre nasce homem; quem nasce
mulher, quase sempre nasce mulher. Quando é que acontece da natureza estar
trocada? Ou seja, de ter uma natureza feminina e nascer num corpo masculino?
Acontece sim, de ter uma natureza masculina e nascer
num corpo feminino e vice-versa, isso acontece e a Umbanda tem um olhar de
muito respeito para a natureza de cada um, aquele que tendo a natureza
masculina quando em determinada encarnação usou da sua força pra abusar da
mulher, aquele que é o machão, o homem que se impõe pela força e que diminui
que agride a mulher, é comum depois nascer num corpo feminino pra aprender a
dar valor à mulher.
A mulher, que usa da sua feminilidade, da sua
sensualidade, da sua força feminina para diminuir o homem ou para se aproveitar
de alguma forma que se coloca e subjuga o homem com a força de uma forma
egoísta e com falta de respeito, então, nasce num corpo de homem pra aprender a
dar valor.
É comum dizer que o espírito não tem sexo. Acontece
que quando você desencarna se você é homem, você continua homem; se você é
mulher, você continua mulher no astral.
Se a tua natureza é feminina e você gosta de homem, você
continua gostando. Se a tua natureza é masculina e você gosta de mulher, você
continua gostando porque é quem você é.
Encarnação após encarnação, geralmente isso não muda, o que
muda é: nascer num corpo trocado pra ter uma experiência de respeito com o
outro sexo ou quando nasce num corpo trocado pra ter uma encarnação inteirinha
em que você não vai se relacionar com ninguém, você vai se fechar vai ser
recluso, isso também acontece em algumas encarnações missionárias.
No momento da fatoração do ser, na Androgenesia, quando um
Pai e uma Mãe vêm para fatorar, tem um que é dominante e um que é recessivo,
então, se o seu Orixá dominante - Orixá dominante que está vibrando na coroa –
se esse Orixá dominante é masculino, sua natureza é masculina. Você pode até
nascer num corpo feminino, mas sua natureza é masculina. Se o seu Orixá
dominante é feminino, a natureza é feminina, pode nascer num corpo masculino,
mas a natureza é feminina.
Há uma natureza íntima que é mais ativa ou passiva, que é
mais masculina ou feminina.
Na obra de Kardec no “Livro dos Espíritos” se diz:
“Você pode nascer homem ou mulher porque você precisa ter essa experiência,
senão você nunca teria essa experiência”.
O que passa a imagem, a ideia de que espírito não tem sexo,
nasce em qualquer corpo. Acontece que espírito tem natureza, a gente diz “sexo”
da forma como a gente entende é algo do corpo morfológico, do corpo biológico,
mas o corpo plasmado também tem sexualidade. No mundo Astral, tanto nas
primeiras esferas acima quanto abaixo, as pessoas trocam energia.
O sexo não é tabu na Umbanda e não é pecado desde que se
tenha amor. Então, a troca amorosa entre duas pessoas é algo que alimenta um ao
outro e essa troca amorosa também existe no astral, não é algo que só se
justifica para procriar, não, é o momento de amor, de troca.
Por que a homossexualidade?
Há sim, questões de homossexualidade onde alguém de
natureza feminina encarnou no corpo masculino, alguém de natureza masculina
encarnou no corpo feminino.
É uma questão de que você sente que embora esteja num corpo
masculino tem uma natureza feminina e vice-versa, mas há não apenas a questão
de uma natureza trocada. Há também, muitas vezes, o interesse de
relacionar-se com alguém da mesma natureza.
Há quem tenha natureza masculina e está num corpo
masculino, mas tem interesse em trocar carinho e amor com quem é da mesma
natureza. Também acontece de ter uma natureza feminina, um corpo feminino e ter
vontade de trocar carinho, de trocar amor porque sente carinho por alguém que
também é feminina e de natureza feminina.
Onde há respeito, amor, carinho, não há pecado, não há nada
de errado.
O respeito só é respeito de fato, e nós devemos
respeitar a opção sexual e afetiva de todas as pessoas, o respeito só é
respeito quando ele não vem acompanhado de uma palavrinha: “mas” - “eu
respeito, mas eu acho...” - então, a questão é essa ou respeita ou não
respeita.
Qual é o olhar da espiritualidade?
O olhar da espiritualidade é:
Às vezes, alguém de natureza feminina está num corpo
masculino, às vezes alguém de natureza masculina está num corpo feminino. Mas,
a questão é: às vezes alguém de natureza feminina e corpo feminino querem
trocar carinho com alguém da mesma natureza e vice-versa.
A natureza masculina é ativa, a feminina é passiva.
O problema na questão do sexo é o vício.
Onde há virtude, sentimento, não há vício.
Onde não há sentimento nenhum, há dependência, o
sentimento é de crise de privação, onde o que você sente é um vício, algo que
lhe dói, que lhe machuca, isso nós dizemos que não é bom. Tudo que machuca não
é bom, o que lhe faz bem é bom.
E tudo que é bom é justamente onde não há dor, nem mentira,
nem enganação, nem nada disso. E a pior mentira que existe é mentir para si
mesmo, que a gente possa primeiro nos respeitar, entendendo que o corpo é
sagrado.
Há de se compreender, pela Umbanda, que a semeadura é
livre, a colheita é obrigatória e nas questões pertinentes ao sexo, entender
que sexo é algo que deve estar vinculado ao amor, ao carinho e que o corpo é
algo sagrado, respeitando isso eu nunca vi nenhum Preto Velho, nenhum Caboclo,
nenhum Boiadeiro, nem Baiano, nem Exu, nem Pomba gira ter algum preconceito ou
discriminar alguém.
Que a gente possa entender isso sob um olhar divino, um
olhar sagrado, entender a questão das naturezas e da liberdade que cada um tem
de trocar amor e carinho com quem quiser desde que haja respeito.
Annapon
(Baseado no curso de
Teologia de Umbanda Sagrada – Alexandre Cumino).
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O Que é Orixá Ancestral e de Frente?
Por Ednay Melo
Ouvimos sempre perguntas a respeito do que seja Orixá
Ancestral, de Cabeça, de Frente, Juntó. São muitas as denominações e
explicações, muitas vezes, de difícil entendimento.
O lema da Umbanda que praticamos é sempre a simplicidade,
não confundir com o simplório, mas entender de forma simplificada o que,
talvez, não estejamos ainda preparados para entender em sua plenitude e
essência.
O que a espiritualidade que nos assiste nos informa e que
somos capazes de entender é o seguinte, para que principalmente os médiuns da
nossa Casa tenham um conceito sobre Orixás Regentes de Coroa mais próximo da
nossa doutrina:
O Orixá Ancestral é o que chamamos na nossa Casa de Pai e
Mãe de Cabeça, ou Pai e Mãe Orixás. É o casal Orixá cuja essência, qualidade
divina, herdamos em alguns traços da nossa personalidade, que nos direcionam e
sustentam em toda a nossa existência como ser encarnado e desencarnado. É como
a marca do DNA no corpo biológico, sendo uma característica interna de toda a
existência espiritual. Fique bem claro que as características negativas de
personalidade nunca são do Orixá e sim do encarnado que usa o seu livre
arbítrio.
Entendemos Orixá de Cabeça porque ele rege o nosso campo
mental, campo das idéias e pensamentos. Exemplo: O encarnado que tem o Orixá
Ogum como seu Orixá de Cabeça ou Ancestral, terá sempre a Centelha Divina da
Lei e da Ordem em seu inconsciente. E por que inconsciente??? Porque o
inconsciente é a instância psíquica onde reside todo o arquivo mental, de todas
as vidas, sendo o condutor mestre de todas as ações e reações do indivíduo.
Então, a essência Orixá está lá bem guardadinha no
inconsciente. Acontece que a pessoa pode seguir fielmente a virtude do seu
Orixá, no caso do nosso exemplo do Orixá Ogum e pode também não seguir e se
tornar uma pessoa contrária à Lei e à Ordem, ser em ações contrária à sua
essência divina e isto causará um grande desequilíbrio em sua estrutura
emocional, por exemplo: uma pessoa corrupta filha de Ogum, estará sempre com um
"peso na consciência", porque estará contrária a sua essência, aos
seus reais valores internos. Este é apenas um exemplo a grosso modo para que
possamos entender.
Soma-se aos Orixás Pai e Mãe de Cabeça outros Orixás a
contribuirem, em menor escala, na formação da personalidade. São, o que
chamamos em nossa Casa: segunda, terceira, quarta, quinta, sexta e sétima força
Orixá. Então, Orixá de Cabeça ou Ancestral forma a nossa essência energética
espiritual e os demais nos emprestam alguns traços de personalidade, como um
parente mais distante de quem herdamos alguma semelhança. E estas
características levaremos em todas as existências, estando encarnado ou
desencarnado do plano físico.
Importante salientar aqui que a Energia Primeira do Criador
representada na Umbanda por Pai Oxalá, também está presente na coroa de todos
os filhos, ao "lado" da vibração dos Pais Ancestrais. Então
imaginemos, a grosso modo, sobre a nossa cabeça e onde reside o chakra coronário
a nível perispiritual, imaginemos três feixes de luzes, uma na cor branca que
vem de Pai Oxalá e as outras duas nas cores do nosso casal de Orixás Ancestrais
ou Pai e Mãe de Cabeça. Acontece que o filho pode ter, por afinidade que ainda
não sabemos definir, pode ter mais presente o feixe de luz branca em seu ori, a
energia de Pai Oxalá se sobrepõe aos seus dois Orixás Ancestrais, mas isto não
quer dizer que ele seja filho apenas de Pai Oxalá. Então, na nossa Casa, todos
são filhos de Pai Oxalá.
E o que seria então Orixá de Frente e Juntó? É também um
casal Orixá sendo que estes direcionam apenas a encarnação presente. O Orixá de
frente está mais presente e evidente do que o juntó, que o auxilia em um
segundo plano, não menos importante.
E de frente estão todos os Orixás, harmoniosamente
divididos para auxiliar o indivíduo em determinados momentos da sua vida.
Exemplo: uma pessoa reprimida em suas emoções estará a sua frente, pela
misericórdia Divina, a Orixá Iansã para proporcionar o dinamismo e o
extravasamento destas emoções contidas.
É por isto que costuma-se dizer, erradamente apenas na
denominação, que os Orixás brigam pela coroa do filho, termo este inconcebível
a um Orixá. Eles não brigam, apenas estão ali porque o filho está precisando
das suas vibrações energéticas naquele momento, em outro momento o filho poderá
estar precisando de outro tipo de energia para restabelecimento do seu
equilíbrio, daí a constatação pelo sensitivo de mais de um Orixá de frente. Ou
então em um momento visualizar um Orixá e em outro momento visualizar outro. O
dinamismo entre as vibrações Orixás a frente do indivíduo se faz necessário
para o equilíbrio energético, físico e emocional do encarnado.
Então, Orixá Ancestral está na nossa essência energética, é
a nossa característica básica de personalidade que nos acompanha pela
eternidade, em contrapartida, os Orixás de Frente se fazem presentes diante da
necessidade momentânea do filho, estão presentes também de acordo com o seu
compromisso reencarnatório.
Daí a importância de não se ter preferência nem fanatismo
por nenhum Orixá, todos são importantes e essenciais na nossa vida. Devemos
agradecer sempre a todos eles, com muita fé, amor e respeito.
Ednay Melo
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O Mistério dos Orixás, Ancestral, de Frente, e Adjunto.
Por: Rubens Saraceni.
Uma dúvida, e a que mais incomoda os umbandistas é sobre
seu Orixá. Nós sabemos que Orixá Ancestral não é o mesmo que Orixá de Frente ou
Adjunto. O Orixá Ancestral está ligado
à nossa ancestralidade e é aquele que nos recepcionou assim que, gerados
por Deus, fomos atraídos pelo Seu magnetismo divino.
Todos são gerados por Deus e somos fatorados por uma de
suas divindades, que nos magnetiza em sua onda fator adora e nos distingue com
sua qualidade divina.
Uns são distinguidos com a qualidade congregadora e são fatorados pelo Trono da Fé. E, se
forem machos, é o Orixá Oxalá que assume a condição de seu Orixá Ancestral.
Mas, se for fêmea, aí é a Orixá Oyá Tempo que assume sua ancestralidade.
Uns são distinguidos com a qualidade agregadora e são fatorados pelo Trono do Amor. E, se
forem machos é o orixá Oxumaré que assume a condição de seu orixá ancestral.
Mas, se forem fêmeas, aí é a orixá Oxum que assume suas ancestralidades.
Uns são distinguidos com a qualidade expansora e são fatorados pelo Trono do Conhecimento. E,
se forem machos é o Orixá Oxóssi que assume a condição de seu Orixá Ancestral.
Mas, se forem fêmeas, aí é a Orixá Obá que assume suas ancestralidades.
Uns são distinguidos com a qualidade equilibradora e são fatorados pelo Trono da Razão. E, se
forem machos é o Orixá Xangô que assume as suas ancestralidades. Mas, se forem
fêmeas, aí é a Orixá Egunitá-Oroiná que assume suas ancestralidades.
Uns são distinguidos com a qualidade ordenadora e são fatorados pelo Trono da Lei. E, se
forem machos é o Orixá Ogum que assume suas ancestralidades. Mas, se forem
fêmeas, aí é a Orixá Iansã que assume suas ancestralidades.
Uns são distinguidos com a qualidade evolutiva (transmutadora) e são fatorados pelo Trono da
Evolução. E, se forem machos é o Orixá Obaluayê que assume suas
ancestralidades. Mas, se forem fêmeas, aí é a Orixá Nanã que assume suas
ancestralidades.
Uns são distinguidos com a qualidade geradora e são
fatorados pelo Trono da Geração. E, se forem machos é o orixá Omulu que assume
suas ancestralidades. Mas, se forem fêmeas, aí é a orixá Iemanjá que assume
suas ancestralidades.
Observem que não estamos nos referindo ao espírito que
“encarnou” no plano material e sim ao ser que acabou de ser gerado por Deus e
foi atraído pelo magnetismo de uma de suas divindades, que, por serem
unigênitas (únicas geradas) transmitem
naturalmente a qualidade que são em si mesmas aos seus “herdeiros”, aos
quais imantam com seus magnetismos divinos e dão aos seres uma ancestralidade
imutável, pois é divina e jamais deixará de guiá-los, porque a natureza íntima
de cada um será formada na qualidade que o distinguiu, fator ando-o.
Alguém pode reencarnar mil vezes e sob as mais diversas
irradiações que nunca mudará sua natureza íntima. Agora, a cada encarnação, ele será regido por um Orixá de Frente
(que o guiará enquanto viver na carne) e será equilibrado por outro Orixá que
será o auxiliar (o Adjuntó) desse Orixá de Frente ou “da cabeça”. Usamos o
termo “Orixá da Cabeça” porque ele regerá a encarnação do ser e o influenciará
o tempo todo pois está de “Frente” para ele.
Sim, o Orixá da Cabeça está à nossa frente nos atraindo mentalmente para seu campo de
ação e para o seu mistério, ao qual absorveremos e desenvolveremos algumas
faculdades regidas por Ele. Já o Orixá
Adjuntó é um equilibrador do ser e atuará através do seu emocional, hora
estimulando-o e hora apassivando-o, pois só assim o ser não se descaracterizará
e se tornará irreconhecível dentro do seu grupo familiar ou tronco hereditário,
regido pelo seu Orixá Ancestral.
A dúvida dos “médiuns” e dos umbandistas se explica pela
precariedade dos métodos divinatórios usados para identificar o Orixá da Cabeça
e seu Adjuntó. Daí, vemos pessoas reclamarem que a cada Babalorixá ou Ialorixá
que consultaram deu um Orixá diferente a cada consulta, criando uma confusão e
levando ao descrédito geral. Esta queixa é muito comum e não são poucos os
médiuns que estão confusos porque uma consulta diz que é filho desse Orixá e
outra consulta diz que é filho de outro Orixá.
Nós dizemos isto: na
ancestralidade, todo ser macho é filho de um Orixá masculino e todo ser fêmea é
filha de um Orixá feminino.
Na ancestralidade, Orixá masculino só fatora seres machos e
os magnetiza com sua qualidade, fatorando-os de forma tão marcante que o Orixá feminino
que o secunda na fatoração só participa como apassivadora de sua natureza
masculina. E o inverso acontece com os seres fêmeas, onde o Orixá masculino só
participa como apassivador dessa sua natureza feminina.
Portanto, no universo da ancestralidade dos seres machos há
sete Orixás masculinos e na dos seres fêmeas há sete Orixás femininos.
Também há sete naturezas masculinas e sete naturezas femininas, tão
marcantes que é impossível ao bom observador não vê-las nas pessoas.
Saibam que, mesmo que o Orixá da Cabeça ou de Frente seja,
digamos, a Orixá Iansã, ainda assim, por trás desta regência, poderemos identificar a ancestralidade se
observarem bem o olhar, as feições, os traços, os gestos a postura,
etc., pois estes sinais são oriundos da natureza íntima do ser, apassivada pela
regência da encarnação, mas não anulada por ela. Certo?
E o mesmo se aplica ao Orixá Adjuntó, pois podemos identificá-lo nos gestos e nas iniciativas das pessoas,
já que é através do emocional que ele atua.
Outra forma de identificação é através do Guia de frente e
do Exu Guardião dos Médiuns. Mas esta identificação exige um profundo
conhecimento do simbolismo dos nomes usados por eles para se
identificarem. E também, nem sempre o Guia de frente ou o Exu guardião se
mostram, pois preferem deixar isto para o Guia e o Exu de trabalho.
Saber interpretar corretamente o simbolismo é fundamental.
Certo? Então, que todos entendam isto:
• Orixá Ancestral
é aquele que magnetizou o ser assim que ele foi gerado por Deus e o distinguiu
com sua qualidade original e natureza íntima, imutáveis e eternas;
• Orixá de Frente
é aquele que rege a atual encarnação do ser e o conduz numa direção na qual o
ser absorverá sua qualidade e a incorporará às suas faculdades, abrindo-lhes
novos campos de atuação e crescimento interno;
• Orixá Adjuntó
é aquele que forma par com o Orixá de Frente, apassivando ou estimulando o ser,
sempre visando seu equilíbrio íntimo e crescimento interno permanente.
É por isso também que
muitos encontram em si qualidades de vários Orixás. A cada
encarnação há a troca de regência da encarnação. E, nessa troca, os seres vão
evoluindo e desenvolvendo faculdades relativas a todos os Orixás.
Afinal, se somos “humanos”, absorvemos energias e
irradiações, magnetismo e vibrações de todos eles.
Certo?
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