Eu acredito que muitos
dos que aqui lerem esse texto, já se sentiram desmotivados ou mesmo já se
depararam com pessoas que por mais que tinham anos de Umbanda, numa determinada
ocasião, fraquejaram e sentiram vontade de largar tudo, digo pessoas mais
velhas na religião, mas não deixo como regra, porque esse tipo de sentimento
não tem uma determinada época ou regra para acontecer então cabe a todos.
Às vezes a pessoa sente
uma perda de energia tão grande, que ela não consegue nem acender uma vela, na
realidade ela não sente vontade, ela até se inclina a fazer, mas chega na hora
“H”, ela pensa agora não, depois... E nisso vai passando-se os dias. E como um
vírus pestilento a desmotivação vai tomando conta.
Essa desmotivação pode
ser provocada por enumeras questões,
originadas em nós mesmos (pela forma que nos enxergamos perante a vida), pelos
outros (que muitas vezes nos derrotam, nos jogam para baixo), ou mesmo por ordem
espiritual (assédio, obsessão). Vamos refletir juntos a respeito.
Muitas vezes essa
desmotivação começa pela forma com que nos enxergamos perante nossa vida, pelas
nossas próprias expectativas que vamos criando em torno de nós, muitas vezes o
médium chega num patamar de tão necessário, diria até insuperável, que ele não
se permite fracassar diante de um obstáculo, tipo… “… eu sou médium, filho de
Ogum, eu tenho que conseguir ajudar tal pessoa, eu estou acima de tudo, eu
nunca erro, tudo dá certo para mim…”, só que infelizmente não é bem assim, e às
vezes o médium se depara com inúmeras dificuldades na vida e obstáculos que ele
vai começando a perceber que mesmo ele tendo amparo espiritual está sujeito as
entrelinhas que a vida impõe, essas dificuldades poderão surgir em inúmeros
aspectos e setores da vida, é no ambiente familiar, aquele filho que está
andando em más companhias, e na harmonia conjugal que anda de mal a pior, é na
saúde que anda mais frágil do que de costume, é a crise financeira que assola o
país que lhe tirou o trabalho, os recursos para manter a sua casa e família e
assim por diante, e todas essas questões vão abalando a fé daquela
pessoa. A falta de aceitação
perante os obstáculos vão minando as forças, porque nem tudo depende unicamente
da pessoa, as vezes os braços se cansam, doem de tanto empunhar a espada na
batalha. E o guerreiro fraqueja, e pode se deixar sucumbir. Às vezes a
aceitação é necessária, é preciso recuar, esperar o melhor momento para
continuar, contornar a situação, mas nem sempre a ansiedade deixa que isso
aconteça, e quando nada se concretiza a desmotivação aparece.
O médium começa a
perceber que ajuda a muitas pessoas, mas se desmotiva quando não consegue
ajudar a si mesmo. E muitas vezes isso acontece porque ele se deu um poder que
não pertencia a ele, e se esquece que está aqui em uma escola, um mundo de
expiações e o que tiver que passar, ninguém poderá passar por ele. A grande
diferença é como ele vai se colocar perante as dificuldades, se vai se abrir a
ter apoio ou não de seus guias e mentores.
Às vezes é preciso se silenciar para ouvir o espiritual.
É tanto sofrimento que
a pessoa vai perdendo a crença nos próprios resultados, e começa a
pensar: ”… vou todos os dias de
gira no terreiro, cumpro minhas obrigações direitinhas, e por que meu Pai
acontece tanta coisa de ruim comigo?”, com essas e outras o médium
vai perdendo a crença e a confiança na sua própria capacidade de superação,
ninguém é de ferro, somos médiuns, mas não somos os próprios Orixás que nos
regem, e enxergar essa limitação ajuda a criar forças para superar as
dificuldades. Porque o que causa a desmotivação é achar que NÃO CONSEGUE MAIS, QUE NÃO É MAIS CAPAZ DE
REALIZAR ALGO.
Essa visão é tão
equivocada que vemos críticas pesadas oriundas de terceiros que dizem: “… está assim desse jeito porque é
“Macumbeiro”, fica mexendo com coisas de espíritos, isso é atraso de vida…”,
até então nem devem ser consideradas porque são perseguições oriundas de
pessoas que nem sabem o que estão falando na grande maioria das vezes, agora
mais triste é ver críticas de tão forte teor vindas dos próprios irmãos de fé,
que dizem: ”… fulano está assim
porque o terreiro onde frequenta é fraco, suas entidades e guias são fracos…”.
Como se nossos guias fossem responsáveis por tudo que nos acontece, essa
perseguição ignorante chega ao cúmulo do absurdo quando vemos médiuns que
simplesmente sofrem calados, porque temem ser criticados, humilhados por outros
irmãos de crença. Porque lhes
digo e afirmo que quem está sofrendo não quer que lhes atire pedras ou
críticas, apenas uma motivação ou mesmo o apontar de um caminho, uma saída já
ajuda é suficiente, ou quando mais se não puder ajudar apoie.
Uma das causas também
da desmotivação é quando o médium acha que já aprendeu tudo, já sabe de tudo,
não se abre a aprender coisas novas, não se defronta perante seus próprios
conhecimentos, irredutível não aceita críticas, não se dá o direito a duvida e
ao questionamento de pensar, será que tudo que sei é certo mesmo? E mesmo
quando correto, não se deixa aprimorar-se. A falta de expectativa de renovar-se
e aprender no dia a dia na religião também trás desmotivação, tudo vira rotina.
O médium muitas vezes
acredita que ele não consegue fazer outras coisas, ele se bloqueia tanto que
não consegue ver as esquinas que existem em sua estrada, só vê um caminho reto,
sem curvas e vazio. Mas seu medo, a sua falta de crença em si mesmo não permite
ver que em cada esquina dessa estrada tem alguém ali, te intuindo, te
inspirando a prosseguir, porque nossos guias não podem vir e resolver e viver por
nós, mas podem nos intuir, nos encaminhar e nos inspirar a uma saída, até mesmo
nos inspirando a aceitação necessária para determinados momentos nos inspirando
a desapegar e continuar, porque ficar ali não vai resolver muita coisa. Quem
nunca esteve numa situação e do nada recebeu um telefonema, ou cruzou com uma
pessoa que há tempos não via, e bate papo aqui e bate papo ali, quando acabou
percebeu que aquela pessoa havia deixado algo, a boa palavra, uma esperança, um
encorajamento, às vezes nossos guias usam da boca de outras pessoas para chegar
até nós.
A desmotivação muitas
vezes é oriunda, pela nossa teimosia e descrença, mesmo dizendo que tem uma fé
inabalável, que ama seus guias e Orixás, mas muitas vezes o médium vai pede,
ora, faz sua oferenda, acende sua vela e pede muito uma determinada coisa ou
quer muito um determinado resultado, e pensa: “… meu orixá vai me dar, meu preto velho vai buscar para mim, meu exu não
há de me faltar.”, e de repente, “BUMM” não rolou, não deu certo, você não conseguiu, e
logo vem à revolta, para que eu vou ao terreiro, eu não vejo uma melhora na
minha vida, eu não consigo nada de bom, eu só me lasco, ah quer saber não quero
saber mais de nada de terreiro, de guias etc., e lá fica umas horinhas
xingando, praguejando, revoltado. Ah e não me venha dizer que isso não
acontece, porque acontece sim, a fé fraqueja, somos falíveis, e estamos bem
longe da perfeição.
Só que o médium se
esquece, que nem sempre aquilo que ele está pedindo é bom realmente para ele,
por isso quando pedirem diga: SENHOR,
QUE EU SEJA ABENÇOADO COM O QUE O SENHOR RESERVOU DE MELHOR PARA MIM. QUE SEJA
FEITA A SUA VONTADE. Muitas vezes não sabemos o que estamos
pedindo, mas nossos Orixás, guias e mentores sabem.
Sabe aquela frase que
diz: FILHO DE UMBANDA BAMBEIA,
MAS NÃO CAI, ela é bem cabível nesses momentos, mesmo diante de
tanta revolta nossos guias não nos abandonam e sempre buscam nos ajudar na
medida do possível que lhes é permitido, porque saibam que nem tudo eles podem
intervir.
E o filho de pemba fica
ali desmotivado, desanimado diante de tantas lutas e dificuldades, mas às vezes
é preciso chegar ao fundo poço, para olhar para o alto e ver que tem uma saída,
temos nosso instinto de sobrevivência nato, a gente chora, se desespera, mas
tem uma coisa ali dentro de cada um que é mais forte do que tudo, a nossa FÉ. A
Fé é como uma chama de uma vela que tem momentos que ela fica pequenininha
quase imperceptível e tem outros que vira uma lavareda de fogo imensa. E nós
somos a vela e quando nossa chama ameaça de apagar vêm nossos guias e nos
cercam para que vento nenhum a apague.
Sabe meu irmão e minha
irmã, não é vergonha às vezes fraquejar, bambear, isso acontece até com os mais
valorosos médiuns, ter medo todo guerreiro tem perante a batalha, e o medo nem
sempre é ruim, às vezes o medo nos ajuda a recuar na hora certa e descobrir a
melhor estratégia para vencer. E quando sua prece não quiser sair da sua boca,
porque a tristeza e a dor a está impedindo, reze com a alma e com o coração,
feche os olhos e converse com Deus, com seus Orixás e seus guias com seu
pensamento, porque este ninguém consegue barrar.
E se sua desmotivação
for ocasionada dentro do próprio terreiro, com as pessoas que ali estavam,
pensa que talvez essas pessoas lhe fôsseis colocadas para te ensinar algo, para
que se auto superasse, para lhe ensinar a não cometer os mesmos erros, sobre as
leis de compaixão, perdão e caridade, pense que essas pessoas lhe foram
colocadas em sua vida para te ensinar a ser mais forte, e fortalecer sua fé e crença
em si mesmo. Mas lembre-se que essas pessoas podem se disser fazer parte da
Umbanda, mas não são a Umbanda como um todo, e que dentro dessa egregora há
várias famílias e que se essa não é para você com certeza terá uma que será,
porque Orixá é vento que
ninguém prende, ele caminha por todos os caminhos e espaço, e onde você estiver
seu Orixá irá estar com você.
Mas há outra questão
mais preocupante correlacionada com a desmotivação, é o assédio espiritual
oriundo do acumulo da tristeza, depressão, quando nos desmotivamos, nos
derrotamos na verdade, abrimos um canal perigoso, nossas armaduras tendem a ir
ao chão, ficamos vulneráveis e desprotegidos, e alguns espíritos usam de nossa
fraqueja para nos atingir. Acabamos por nos sintonizar naquela frequência negativa,
tudo fica enegrecido em torno da pessoa, parece que a esperança acabou, porque
esses espíritos acabam por nos induzir e acentuar ainda mais determinados
sentimentos. Infelizmente muitos médiuns nos chegam até nós no fundo do poço,
completamente vampirizados, porque cederam a essas forças nefastas, obsidiados
precisam não só da força de seus guias e mentores mas de toda uma egregora
espiritual que como um exército se prontificara a lhe salvar o espírito,
resgatando sua força de viver, é por essas e outras que é tão preocupante
quando vemos uma pessoa desmotivada sem vontade de viver.
A desmotivação tem
levado a muitos danos e perdas, pode sim ser algo momentâneo como mencionei,
algo passageiro, uma doença que após o paciente medicado com uma boa dose de
motivação e encorajamento acaba rapidinho, mas como todo mal se não tiver
conscientização imediata, incentivo, poderá se tornar algo muito danoso e
perigoso, levando a consequências terríveis, uma dessas consequências que temos
presenciado é o SUICÍDIO,
que é a fuga, a falta de vontade de viver, é quando a pessoa usa do seu sopro
para desligar o botão o laço que liga sua vida a esse mundo, é muito triste,
porque se essas pessoas tivessem tido talvez a palavra certa na hora certa,
muitos não teriam feito tal ato.
A vida está ai, linda e
bela, temos inúmeros motivos para nos motivar, mas como seres humanos falíveis
tenderam a sempre olhar para o lado negro da situação, hoje em dia viver nos
dias atuais onde nossos antepassados diziam é uma luta, hoje em dia está sendo
uma guerra, são dificuldades e
obstáculos, mas temos graças a Deus e aos Orixás uma arma forte e imbatível Nossa
FÉ, e ela tem que ser renovada todos os dias, é em pensamentos, nas boas
palavras e ações. Quando temos FÉ sempre há uma luz no final do túnel a nos Guiar,
que nossa luz chegue à frente, derrubando todas as muralhas escuras impostas. E
quando nossa FÉ fraquejar está na hora do filho de pemba, se colocar de joelhos
novamente e orar. A oração aquieta e acalma nos dando condições de pensar e
sempre aparece uma boa saída.
Por isso, cuidado com a
desmotivação, encoraje-se, motive-se, tenha Fé que não há mal que dure para
sempre. Tudo passa.
Cristina Alves.
Templo de Umbanda Ogum Sete
Ondas e Cabocla Jupira.
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