"um
(Deus),
ban (conjunto),
da (lei).
Existem inúmeros conceitos e histórias acerca do
surgimento da Umbanda, possuindo cada um deles seu
fundamento religioso.
Preferimos dizer que a Umbanda é uma religião
milenar e brasileira em suas origens. O termo
Umbanda nunca existiu em outro lugar fora do Brasil.
A palavra Umbanda é derivada da palavra AUM-BHAN-DAN
que significa o Conjunto das Leis Divinas.
Era considerada a Religião-primária, composta pelos
quatro pilares do conhecimento humano (Arte,
Filosofia, Ciência e Religião).
Era, na época, a única Religião-Ciência da
humanidade. Ao fragmentar-se, daria origem às
religiões, filosofias, ciências e artes de todos os
tempos. É por isso que muitos dizem que a Umbanda é
uma mistura de religiões. Na verdade, de acordo com
os conceitos esotéricos das escolas iniciáticas,
todas as outras religiões teriam surgido, ao longo
dos milênios, a partir da fragmentação do Aumbandan,
que ocorreu em plena Atlântida. Portanto, tanto na
Lemúria quanto na Atlântida, o Aumbandan era o
Conhecimento-uno, transmitido a todos pela pura raça
vermelha, a primeira raça a habitar o planeta Terra.
A palavra, no Antigo Egito, era sinônimo de criação.
A tradição nos leva a crer que o Movimento
Umbandista teve a sua idealização há cerca de 500
anos no Plano Astral, já na época do descobrimento
do Brasil. Vários espíritos, então, foram convocados
para já na espiritualidade organizar o movimento que
iria emergir no solo brasileiro, local escolhido
para esse ‘re’surgimento.
A partir daí era esperar o momento certo para a
UMBANDA renascer.
Em 1898, após a abolição da escravatura, uma
entidade chamada Caboclo Curugussú preparava o
ambiente Astral do Brasil para a reimplantação do
AUMBHANDAN. Este, todas as vezes que incorporava,
dizia ter vindo trazer a Umbanda. Isso começou a
acontecer tanto em São Paulo quanto no Rio de
Janeiro. Além de dizer que vinha trazer a Umbanda,
ele dizia ser emissário da pura raça vermelha, ou
seja, os caboclos missionários que coordenam o
movimento umbandista atual, dos planos superiores,
não são os índios que Cabral encontrou ao chegar no
Brasil, muito menos os atuais remanescentes das
tribos indígenas brasileiras, mas espíritos muito
evoluídos da antiga raça vermelha, que habitou a
terra do Cruzeiro do Sul há milênios.
Em 15 de novembro de 1908, um rapaz de 17 anos,
chamado Zélio Fernandino de Moraes, natural de
Niterói RJ, incorporou um espírito, chamado Caboclo
das 7 Encruzilhadas, o qual declarou fundado o
primeiro Templo de Umbanda. Era o renascimento da
Umbanda.
Zélio se dedicou de corpo e alma a desenvolver o
trabalho orientado pelo Caboclo das 7 Encruzilhadas,
tendo por auxiliares o Caboclo Orixá Malé e Pai
Antonio. Estava assim fundada a Umbanda no Brasil.
Depois de ditadas as bases do
culto, o caboclo passou à parte prática dos
trabalhos, curando enfermos. Por outro lado,
manifestou-se um preto-velho, Pai Antônio, que vinha
completar as curas. E também, o Caboclo Orixá Malé,
entidade com grande experiência no desmanche de
trabalhos de baixa magia. A prática da caridade, no
sentido do amor fraterno, seria a característica
desse culto, que teria por base o Evangelho de
Cristo e, como mestre supremo, Jesus.
“Sr.José:
Quem
é você que ocupa o corpo deste jovem?
Caboclo 7
Encruzilhadas:
Eu? Eu sou apenas um
caboclo brasileiro.
Sr.José:
E qual é seu
nome?
Caboclo 7
Encruzilhadas:
Se é preciso que eu
tenha um nome, digam que eu sou o CABOCLO DAS SETE
ENCRUZILHADAS, pois para mim não existirão caminhos
fechados. Venho trazer a Umbanda uma religião que
harmonizará as famílias e que há de perdurar até o
final dos séculos.
Deus, em sua
infinita bondade, estabeleceu na morte, o grande
nivelador universal, rico ou pobre poderoso ou
humilde, todos tornam-se iguais na morte, mas vocês
homens preconceituosos, não contentes em estabelecer
diferenças entre os vivos, procuram levar estas
mesmas diferenças até mesmo além da barreira da
morte. Por que não podem nos visitar estes humildes
trabalhadores do espaço, se apesar de não haverem
sido pessoas importantes na Terra , também trazem
importantes mensagens do além? Porque o não aos
caboclos e preto-velhos? Acaso não foram eles também
filhos do mesmo Deus?...Amanhã, na casa onde meu
aparelho mora, haverá uma mesa posta a toda e
qualquer entidade que queira ou precise se
manifestar, independente daquilo que haja sido em
vida, todos serão ouvidos, nós aprenderemos com
aqueles espíritos que souberem mais e ensinaremos
com aqueles que souberem menos e a nenhum viraremos
as costas a nenhum diremos não, pois esta é a
vontade do Pai.
“Vim para fundar a
Umbanda no Brasil, aqui inicia-se um novo culto em
que os espíritos de pretos velhos africanos e os
índios nativos de nossa terra, poderão trabalhar em
benefícios dos seus irmãos encarnados, qualquer que
seja a cor , raça, credo ou posição social. A
pratica da caridade no sentido do amor fraterno,
será a característica principal deste culto”
Após trabalhar
fazendo previsões, passe e doutrina informou que
devia se retirar pois outra entidade precisava se
manifestar. Após a “subida” do Caboclo incorporou
uma entidade reconhecida como “preto-velho”, saindo
da mesa se dirigiu a um canto da sala onde
permaneceu agachado. Sendo questionado o porque de
não ficar na mesa respondeu: “_ Nego num senta não
meu sinhô, nego fica aqui mesmo. Isso é coisa de
sinhô branco e nego deve arespeitá”, após
insistência ainda completou “_ Num carece preocupa
não. Nego fica no toco que é lugar de nego” e assim
continuou dizendo outras coisas mostrando a
simplicidade, humildade e mansidão daquele que
trazendo o estereótipo do preto-velho se fez
identificar como Pai Antônio. Logo cativou a todos
com seu jeito, ainda lhe perguntaram se ele não
aceitava nenhum agrado, ao que respondeu: “_ Minha
caximba, nego qué o pito que deixou no toco. Manda
mureque busca”. Todos ficaram perplexos, estavam
presenciando a solicitação do primeiro elemento
material de trabalho dentro da Umbanda. Na semana
seguinte todos trouxeram cachimbos que sobraram
diante da necessidade de apenas um para Pai Antônio.
Assim o cachimbo foi instituído na linha de
preto-velhos, sendo também ele a primeira entidade a
pedir uma guia (colar) de trabalho.”
O Caboclo das 7 Encruzilhadas,
recebe ordens do
Astral Superior para fundar sete tendas para a
propagação da Umbanda.
Através de Zélio de Moraes, fundou a Tenda Nossa
Senhora da Piedade, que foi raiz para outros sete
principais núcleos: Tenda Espírita Nossa Senhora da
Guia, Tenda Espírita Nossa Senhora da Conceição,
Tenda Espírita Santa Bárbara, Tenda Espírita São
Pedro, Tenda Espírita Oxalá, Tenda Espírita São
Jorge, Tenda Espírita São Jerônimo. A respeito do uso do
termo espírita e de nomes de santos católicos
nas tendas fundadas, sua causa deriva do fato de
naquela época não se poder registrar o nome Umbanda,
e quanto aos nomes de santos, era uma maneira de
estabelecer um ponto de referência para fiéis da
religião católica que procuravam os préstimos da
Umbanda.
Desse conjunto de leis divinas AUM-BHAN-DAN derivam
os 10 princípios básicos, primordiais, que regem a
Umbanda:
1-
Crença em um Deus único, onipotente, eterno,
incriado, potência geradora de todo o Universo
material e espiritual, adorado sob vários nomes.
2- Crença em entidades superiores: Orixás,
anjos e santos que chefiam falanges.
3-
Crença em guias, em planos médios, mensageiros dos
Orixás, anjos e santos.
4- Existência da alma e sua sobrevivência
após a morte.
5- Prática da caridade desinteressada, na
busca de aliviar o carma do médium.
6- Lei do Livre-Arbítrio (da livre escolha),
pela qual cada um escolhe fazer o bem ou o mal, e o
ser humano afiniza com sua faixa vibratória e a do
ambiente que o cerca.
7- O ser humano é a síntese do Universo.
8- Crença na existência de vida inteligente
em todo o Universo, vivendo e habitando.
9- Crença na reencarnação, na lei cármica de
causa e efeito.
10-
Direito de liberdade de todos os seres.
Dessas Leis evidencia-se a crença em um Deus único e
a caridade desinteressada, nos moldes das máximas
cristãs de amar a Deus acima de todas as coisas e ao
próximo como a si mesmo.
A representação de Deus faz-se na figura de Zambi
(banto), ou para outros, Orunmilá (a
incorporação do conhecimento e sabedoria e a forma
mais alta da prática de
adivinhação
entre os
Yorubas,
Ifá),
Olodumare ou Olorum (na mitologia iorubá).
A
Umbanda baseia seus princípios no ensinamento de que
o espírito atravessa o tempo em diversas
encarnações, sujeita-se à lei do carma e, através
dos médiuns - aparelhos dos quais se utilizam as
entidades e guias da umbanda para trazerem a
mensagem dos planos superiores - desenvolve o
trabalho de ajuda espiritual do qual a pessoa
necessita, fortalecendo-a com palavras de incentivo
e fé, para que esta consiga solucionar os problemas
que esteja atravessando naquele momento, ou
superando os obstáculos que apareçam em seu caminho.
A Umbanda traz em sua
liturgia
diversos rituais, realizados pelas entidades chefes
do congá, como o casamento, o batismo, a
confirmação, o amaci, a coroação e o ritual fúnebre.
No amaci o médium já desenvolvido, ou seja, que já incorpora com seus guias de trabalho na Umbanda, lava a cabeça com um preparado de ervas e outros elementos que colocados sobre a cabeça do médium faz com que sua entidade confirme seus fundamentos, seu nome, o trabalho que veio desenvolver e, principalmente, o Orixá ao qual está ligado a cabeça (Ori) daquele médium.
No amaci o médium já desenvolvido, ou seja, que já incorpora com seus guias de trabalho na Umbanda, lava a cabeça com um preparado de ervas e outros elementos que colocados sobre a cabeça do médium faz com que sua entidade confirme seus fundamentos, seu nome, o trabalho que veio desenvolver e, principalmente, o Orixá ao qual está ligado a cabeça (Ori) daquele médium.
Já o batismo para a
Umbanda tem importância primordial, uma vez que é
visto como uma forma de apresentação, de consagração
à Deus do espírito encarnante na matéria que está
habitando na vida presente. O ato, portanto, ainda
que realizado na Igreja Católica, reveste-se de alta
magia que influi durante toda a encarnação da
criança batizada. Usa-se o termo de remissão do
pecado original abrangendo os erros cometidos por
aquele espírito em encarnações pretéritas, sendo que
com o ritual do batismo reforça-se a ligação daquele
ser encarnado com o Pai Divino, já que se firma o
guia de luz, ou Anjo da Guarda, que irá acompanhar
aquela criança por toda a sua vida.
Além do batismo da
criança na Umbanda, pode-se também realizar o
batismo do médium que decide abraçar a religião
umbandista, aceitando-a como condutora de sua
vida espiritual, na qual será pautada dali em diante
sua vida religiosa, passando esse a seguir as
obrigações, iniciações, preceitos e rituais da
Umbanda. Não tem o batismo um caráter irreversível,
mas no momento em que é realizado, o médium reforça
sua ligação com seus Orixás, guias e entidades,
assumindo um compromisso de trabalho e evolução
dentro da religião a qual se consagra.
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