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fusão de diferentes cultos ou doutrinas religiosas,
com reinterpretação de seus elementos;
- fusão de elementos culturais diversos, ou de
culturas distintas ou de diferentes sistemas
sociais. (Dicionário
Houaiss)
Palavra originada do grego significa sistema que
consiste em conciliar os princípios de várias
doutrinas ou filosofias;
é a associação de valores espirituais de uma
determinada religião com os valores espirituais de
outra determinada religião.
Definição dada pelo Caboclo Sete Espadas:
“Fenômeno mistico-religioso que visa tornar
inteligível um Culto que possa ser praticado por
vários povos ou grupos étnicos, que até o momento
tinham rituais e concepções diferentes. É um mal
necessário, pois se formos analisar profundamente o
Sincretismo vamos ver que ele faz com que vários
Cultos se identifiquem em um só Culto (…)”.
A Umbanda apresenta sincretismo com diversas
religiões, mas não se fundindo com elas.
A Umbanda utiliza-se da imagem de santos cultuados
pela Igreja Católica por um fato histórico-cultural,
na medida em que os negros que chegavam ao Brasil
como escravos, oriundos das diversas tribos
africanas, traziam em seu interior a crença nos
Orixás, porém não podiam manifestá-la pelo
preconceito de seus senhores, que consideravam tal
culto heresia e feitiçaria.
Na África, seu culto fazia-se
com o contato direto com a Natureza, cada Orixá
sendo cultuado em seu elemento. O negro africano
cultuava sua crença através de seus Otás (pedra). Cada Orixá tem a
sua pedra (as) e a forma encontrada pelos negros
escravos foi associar a imagem do santo católico
mais representativa da força desses Orixás, colocar
seus otás dentro destas imagens e reverenciar sua
crença sem tê-la reprimida por seus senhores.
A partir desse momento, dava-se início ao
sincretismo dessas duas religiões, já que a
correspondência de Santos Católicos com os Orixás
africanos era a única maneira dos negros escravos
escaparem dos castigos e perseguições dos seus
senhores e de religiosos que tentavam difundir o
catolicismo, impondo a crença com as suas
representações católicas.
Os Senhores achavam graça no sincretismo e,
considerando os africanos ignorantes, consentiam na
prática bem disfarçada de seus cultos. E assim,
graças à inteligência dos sacerdotes africanos, as
suas antiqüíssimas e sábias idéias religiosas
puderam sobreviver até hoje, apesar da intolerância
de uma ou outra autoridade policial atrasada.
Por isso, encontramos até hoje, as casas de culto de
Umbanda utilizando-se dessa representação
sincrética, não pela necessidade do culto à imagem,
mas sendo admitida pelos zeladores de santo para que
os filhos de santo e freqüentadores da casa tenham
uma imagem para direcionar suas súplicas e pedidos
já que para alguns, dirigir seus pedidos a energias
da natureza, forças oriundas do ar, da água, da
terra ou do fogo, é de difícil compreensão por seu
componente abstrato e impalpável. Até porque, não
existe imagem representativa dos Orixás na Umbanda,
razão pela qual se permite a utilização dos Santos
católicos nos Congás, havendo o respeito tanto ao
Orixá representado pela imagem, como respeito ao
santo cultuado pela mesma.
Ressalte-se que em havendo tal sincretismo, este só
demonstra mais ainda o caráter universalista da
crença umbandística, que resguarda e respeita a
qualidade de espíritos superiores que vêem à Terra
em missão de esclarecimento. Se há a utilização das
imagens de outra doutrina nos congás de umbanda,
isso se dá pela crença e respeito a todos esses
espíritos mensageiros e representantes da força
divina no plano terreno.
A Umbanda é um celeiro de fé e nela cabem todas as
espécies de crenças que possam nos levar ao objetivo
maior de amor e caridade pregado pelas nossas
entidades.
O africano não abandonou as suas crenças religiosas.
Simplesmente, procurou acomodar-se a situação e o
processo mais inteligente foi exatamente o de
comparar as qualidades dos seus Orixás com as dos
Santos católicos. Tomaram como base o Santo mais
adorado do lugar: daí, algumas alterações
verificadas no sincretismo, especialmente na Bahia e
no Rio de Janeiro.
EXEMPLOS:
No Rio de JaneiroOXALÁ ALUFAN = Senhor do Universo
OXALÁ GUIAN = Jesus Cristo
YEMANJÁ = Nª.Srª. da GLÓRIA (15 de Agosto)
OXUM = Nª.Srª. da CONCEIÇÃO (8 De Dezembro)
OXUM Cobra Coral = Nª.Srª. de NAZARÉ
YANSAN = Santa Bárbara (4 de Dezembro)
XANGÔ = São Jerônimo (29 de Setembro)
XANGÔ OBOMI = São João (24 de Junho)
NÃNÃ = Santa ANA
OMOLU = SÃO LÁZARO
OXOSSI = São Sebastião (20 de Janeiro)
OGUM = São Jorge (23 de Abril)
IBEIJI = São Cosme e São Damião (27 de Setembro)
EXU = Santo Antônio da Penha (13 de Junho).
Na Bahia
OXALÁ = N.Senhor do Bonfim
YEMANJÁ = Nª.Srª. da Conceição
OXUM = Nª.Srª. das Candeias e Nª.Srª. Aparecida
YANSAN ou OYÁ = Santa Bárbara
XANGÔ = São Jerônimo
OXUMARÊ = São Bartolomeu
NÃNÃ = Santa Ana
OMOLU ou OBALUAIÊ = São Lázaro e São Roque
LOCUNÊDÊ = Santo Expedito
OXOSSI = São Jorge
OGUM = Santo Antônio.
Como se vê, a diferença mais notável é quanto a
Oxossi e Ogum. Enquanto no Rio, Ogum é equiparado a
São Jorge, na Bahia é Santo Antônio. Oxóssi que, no
Rio, é São Sebastião, na Bahia é São Jorge.
Yemanjá e Oxum são comparadas a Nossa Senhora, sob
diversas invocações. Os Nagôs, ao que parece,
consideram Oxum "faceira e vaidosa", concepção que
diverge da adotada no omolocô do Rio, para o qual
Oxum é o símbolo da "dona de casa".
Onde há convergência é quanto a Deus, Senhor do
Universo, e quanto à Jesus. Nesse ponto, todas as
religiões coincidem. Só há um DEUS e um só FILHO DE
DEUS. DEUS é DEUS. Tem ELE, na Umbanda, os nomes de
Zambi, Olorum.
Enquanto os santos católicos e os orixás são
entidades espirituais diferentes, Jesus Cristo é a
mesma pessoa de OXALÁ GUIAN (ou OXAGUIAN).
O sincretismo se faz entre
Divindades, assim, não há sincretismo entre as
Entidades, tais como Caboclos, Pretos-Velhos ou
Crianças, ainda que seja comum vermos Pais
Franciscos, Antonios, Ciprianos e
tantos outros, mas que nada têm de sincrético com os
santos de mesmo nome.
A Umbanda apresenta sincretismo com o Candomblé, não
se confundindo com esse, no entanto. Ambas são
religiões com base em um culto ancestral africano,
com crença em Orixás africanos, mas cada um encontra
seu diferencial na forma de manifestação de sua
crença.
Historicamente, o Sincretismo já existia em outras
religiões, como exemplo, a católica que incorporou
em seu surgimento, deuses romanos como santos,
rituais pagãos como sacramentos, hierarquias não
religiosas, etc.
Na própria África, onde os negros cultuavam suas
centenas de Orixás, havia já o sincretismo, pois
cada Orixá era ligado com algo material e tangível.
Quando estes negros foram trazidos de diversas
partes da áfrica, provenientes de diversos povos (Haussas,
Tapas, Mandingas ou Mandes, Fulas, Yorubanos ou
Nagôs, Minas, Gege, Congos ou Cambindas, Angolas,
Benguelas, Cassangues, Mocambiques e outros),
aportaram no Brasil e em todo o continente
americano, na condição de escravos.
Os negros eram vendidos separadamente, para diminuir
os riscos de uma rebelião ou tramas de fuga. Isso
enfraquecia os negros, dificultando a pratica de um
Culto em função de varias línguas falado numa mesma
senzala.
Apesar destas dificuldades, os valores religiosos
dos negros eram intensos e com a chegada, nos vários
lotes de escravos, de adivinhos, médicos-feiticeiros
e sacerdotes, estas dificuldades foram sendo
eliminadas.
Eles, por serem mais ligados aos ritos africanos,
souberam, ao longo do tempo, unir de maneira
adequada, os negros de varias etnias e línguas,
naquilo que tinham em comum, a crença nos Orixás,
Inkices ou Voduns. Sem dúvida que esse foi o
primeiro sincretismo religioso do negro no Brasil,
pois eram obrigados a cultuar os Orixás comuns,
eliminando as outras dezenas de Orixás não afins.
Com o Espiritismo, doutrina que se difundiu com os
ensinamentos de Allan Kardec, a Umbanda apresenta
não sincretismo, mas semelhanças, bem como
diferenças na forma de manifestação das entidades
que atuam em cada religião.
As semelhanças podem ser resumidas em:
- Monoteísmo;
- Embasamento moral primário na mensagem deixada no Cristianismo;
- Crença na reencarnação;
- Crença na idéia de causa/efeito, karma, lei do retorno;
- Embasamento moral primário na mensagem deixada no Cristianismo;
- Crença na reencarnação;
- Crença na idéia de causa/efeito, karma, lei do retorno;
- Crença na evolução do espírito/alma;
- Crença na possibilidade de comunicação mediunica;
No mais, são bem diferentes.
A Umbanda é essencialmente ritualística, enquanto o
Espiritismo é essencialmente despido de rituais.
A Umbanda tem como foco principal a doutrinação do
encarnado, enquanto o Espiritismo tem um trabalho
bem grande na doutrinação do desencarnado.
A Umbanda transmite conceitos e conhecimentos na
oralidade, enquanto o Espiritismo é todo literário.
Encontramos no site do Centro Espírita Ismael (http://www.ceismael.com.br/tema/tema005.htm),
o seguinte quadro comparativo oferecido pelo
umbandista Laurindo Francisco Diana:
SINOPSE COMPARATIVA
|
ESPIRITISMO
|
UMBANDA
|
País de origem
|
França
|
Brasil
|
Data de surgimento
|
18.04.l857
|
15.11.1908
|
Codificador
|
Allan Kardec
|
-----------
|
Fundador
|
-----------
|
Zélio F.de Morais
|
Adereços e caracterizações
|
Não
|
Sim
|
Altar e/ou oratório
|
Não
|
Sim
|
Autonomia das associações
|
Sim
|
Sim
|
Cânticos (pontos) cantados
|
Não
|
Sim
|
Classificação dos espíritos em
categorias
|
Sim
|
Não
|
Comidas, bebidas, fumo, etc.
|
Não
|
Sim
|
Cultos exteriores
|
Não
|
Sim
|
Dogmas
|
Não
|
Sim
|
Doutrina
|
Sim
|
Em formação
|
Ervas e banhos
|
Não
|
Sim
|
Fé
|
Racional
|
Emocional/ Devocional
|
Jogos premonitórios
|
Não
|
Sim
|
Mediunidade
|
Sim
|
Sim
|
Mediunismo e/ou animismo
|
Sim
|
Sim
|
Messiânica
|
Não
|
Não
|
Método
|
Sim
|
Sim
|
Oferendas materiais
|
Não
|
Sim
|
Revelada
|
Sim
|
Não
|
Literatura básica
|
As obras (5) de Allan Kardec
|
---------------
|
Rituais e cerimoniais
|
Não
|
Sim
|
Roupas especiais e/ou paramentos
|
Não
|
Sim
|
Sacerdotes
|
Não
|
Sim
|
Sacramentos
|
Não
|
Sim
|
Símbolos (pontos) riscados
|
Não
|
Sim
|
Sincretismo
|
Não
|
Sim
|
Sistema organizacional
|
Federativo
|
Federativo
|
Tipificações espirituais
|
Não
|
Sim
|
Tradição oral
|
Não
|
Sim
|
Velas, flores, defumações, etc.
|
Não
|
Sim
|
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
|
||
Crença em Deus único
|
Sim
|
Sim
|
Comunicabilidade recíproca com os
espíritos
|
Sim
|
Sim
|
Crença nos elementais
|
Não
|
Sim
|
Evolução progressiva dos espíritos
|
Sim
|
Sim
|
Existência dos espíritos que sobrevivem
à morte do corpo
|
Sim
|
Sim
|
Influência dos espíritos sobre as
pessoas
|
Sim
|
Sim
|
Lei de causa efeito
|
Sim
|
Sim
|
Pluralidade dos mundos habitados
|
Sim
|
Sim
|
Prática da caridade
|
Sim
|
Sim
|
Reencarnações sucessivas
|
Sim
|
Sim
|
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