“O ATO DE BATER CABEÇA”
• Dobalé = cumprimento feito por
filho de santo cujo orixá (principal) dono da cabeça é masculino. Deita-se de
bruços no chão (ao comprido) e toca-se o solo com a parte da frente da cabeça
(testa).
• Iká = cumprimento feito por filho
de santo cujo orixá principal é feminino. Deita-se de bruços no chão, toca-se o
solo com a cabeça e, simultaneamente com o lado direito e depois com o esquerdo
do quadril no chão (na nação Keto, as mulheres não tocam o chão com o ventre).
Dentro das tradições simbólicas nas
religiões afro-brasileiras em geral, a ato de “bater cabeça”, ou seja, se
prostrar com a testa no chão aos pés do Sacerdote ou da própria entidade a que
se está cultuando é comum a quase todas. Mas afinal, o que significa ou envolve
tal atitude?
O ato de “bater cabeça” carrega em si
vários significados.
Das mais antigas tradições dos reinos teocráticos de todo o mundo, a relação com o chefe de governo era sagrada. Não se podia olhar nos olhos de seu rei ou de sua rainha. Em sua presença os súditos ficavam prostrados ao chão.
Os africanos vindos como escravos para o Brasil viviam, em África, nesse mesmo tipo de sociedade. Reinos e cidades-estados teocráticos. Mantinham relações totalmente sagradas com seus reis, rainhas, príncipes e princesas.
Das mais antigas tradições dos reinos teocráticos de todo o mundo, a relação com o chefe de governo era sagrada. Não se podia olhar nos olhos de seu rei ou de sua rainha. Em sua presença os súditos ficavam prostrados ao chão.
Os africanos vindos como escravos para o Brasil viviam, em África, nesse mesmo tipo de sociedade. Reinos e cidades-estados teocráticos. Mantinham relações totalmente sagradas com seus reis, rainhas, príncipes e princesas.
E tais relações eram de comum acordo,
pois, por ser considerada sagrada, não necessitava de obrigatoriedade pela
força. A própria relação com o sagrado predispunha os súditos ao respeito às
leis. Ninguém contestava, salvo exceções, a legitimidade da autoridade por uma
questão cultural de reconhecimento ancestral e religioso daquele ou daquela
sacerdote.
Além da tradição social, existe a
relação com a terra. Nosso “Ori”, ou seja, nossa cabeça, nossa mente tem como
referência de sagrado a terra e não o céu. Da terra viemos e a ela voltaremos
como diria o cristão. Sempre quando se menciona o nome de alguma entidade
importante se volta à cabeça ao chão, à terra que é a origem e o fim de tudo
que é vivo e orgânico. Louvamos a terra e não ao céu. O gesto de levar a mão ao
chão e depois ao “Ori” para então beijar a mão novamente, nada mais é do que a
representação de “bater cabeça”.
Muito bem. Deveria ser assim. Mas
para a maioria das pessoas é um gesto convencional. Muitos praticam, mas não
sabem seu significado. Prostram-se aos pés de pessoas que não respeitam, apenas
para cumprir uma formalidade sem saber da importância e do significado de tal
gesto.
Assim como o “bater cabeça” muitos
outros gestos, símbolos e relações dentro dos Candomblés de Nação buscam
preservar tradições que vão além do campo religioso. Isso porque religião,
política, sociedade não se separava nas sociedades africanas Yorubás e Bantus.
Assim como não deveria se separar em nenhuma sociedade, pois é na ética e dos
valores religiosos que buscamos e inspiramos nossas atitudes sociais e
políticas..
Fotografia: Robson Khalaf
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